terça-feira, 16 de novembro de 2010

Melodia [O sol da meia noite] - cap. 7

Eu tive que esperar quando consegui voltar à escola. O último período ainda não havia acabado. Isso foi bom, porque eu tinha coisas que precisava pensar sozinho.
O seu aroma ficou no carro. Eu deixei a janela aberta, deixando-o me atacar, tentando me acostumar com a intensa sensação de queimação na minha garganta.
Atração.
Foi uma coisa problemática de contemplar. Tantos aspectos, tantos significados e níveis. Não é a mesma coisa que amor, mas muito próximo inexplicavelmente.
Eu não tinha nenhuma idéia se Bella se sentia atraída por mim. (Será que o seu silêncio mental se tornaria mais e mais frustrante até eu ficar louco? Ou teria algum limite ao qual eu eventualmente chegaria?)
Eu tentei comparar as suas respostas físicas a outras, como as da secretária e Jessica Stanley, mas as comparações foram inconclusivas. Os mesmos sinais - alterações de freqüência cardíaca e padrão respiratório - podia facilmente ser medo ou choque ou ansiedade assim como interesse. Parecia improvável que a Bella tivesse os mesmos tipos de pensamentos que Jessica Stanley costumava ter. E além do mais, Bella sabia que tinha alguma coisa de errado comigo, mesmo não sabendo exatamente o que era. Ela tinha tocado a minha pele gelada, e então tinha puxado a sua mão rapidamente do frio.
E ainda… enquanto eu me lembrava daquelas fantasias que costumavam me causar repulsa, mas me lembrava delas com Bella no lugar de Jessica…
Eu estava respirando mais rápido, o fogo subindo e descendo pela minha garganta.
E se fosse Bella imaginando meus braços ao redor de seu corpo frágil? Sentindo-me puxá-la mais perto contra o meu peito e então levando a minha mão ao seu queixo? Passando a mão por seu cabelo até afastá-lo de sua face corada? Traçando a forma de seus lábios cheios com a ponta de meus dedos? Inclinando meu rosto para mais perto do dela, onde eu pudesse sentir a sua respiração na minha boca? Me movendo para mais perto…
Mas então eu retrocedi do sonho, sabendo, como eu bem sabia quando Jessica imaginava aquelas coisas, o que aconteceria se eu chegasse mais perto dela.
Atração era um dilema impossível, porque eu já estava atraído demais por Bella da pior maneira.
Eu queria que Bella estivesse atraída por mim, como uma mulher por um homem?
Essa era a pergunta errada. A pergunta certa era se eu DEVIA querer que Bella se sentisse atraída por mim dessa maneira, e a resposta era não. Porque eu não era um homem humano, e isso não seria justo para ela.
Com cada fibra do meu ser, eu desejava ser um homem normal, para então poder tê-la em meus braços sem arriscar a sua vida. Então eu seria livre para realizar minhas próprias fantasias, fantasias que não acabavam com sangue em minhas mãos, o seu sangue incandescente em meus olhos.
A minha busca por ela era indesculpável. Que tipo de relacionamento eu poderia oferecer a ela, quando eu não podia me arriscar a tocá-la?
Eu encostei minha cabeça entre minhas mãos.
Isso tudo era ainda mais confuso porque eu nunca havia me sentido tão humano em toda a minha vida - nem se quer quando eu ERA humano, até onde eu podia me lembrar. Quando eu era humano, meus pensamentos estavam voltados em me tornar um glorioso soldado. A Grande Guerra havia se intensificado durante a maior parte de minha adolescência, faltavam apenas nove meses para o meu aniversário de 18 anos quando a gripe espanhola me atingiu… Eu apenas tinha vagas impressões dos anos humanos, memórias obscuras que se apagavam a cada década que se passava. Eu me lembrava mais claramente de minha mãe, e sentia uma dor antiga quando eu pensava em seu rosto. Eu me lembrava vagamente o quanto ela havia odiado o futuro que eu havia escolhido seguir, rezando toda noite quando dizia as graças no jantar para que aquela guerra “horrenda” terminasse… Eu não tinha nenhuma memória de outro tipo de anseio. Por de trás do amor de minha mãe, não havia outro amor que me fizesse desejar ficar…
Isso era inteiramente novo para mim. Eu não tinha nada como referência, nenhum tipo de comparação para fazer.
O amor que eu sentia por Bella veio de forma pura, mas agora as águas estavam turvas. Eu queria muito ser capaz de tocá-la. Ela se sentia da mesma maneira?
Isso não importava muito, eu tentei me convencer.
Eu encarei minhas mãos brancas, odiando a sua dureza, a sua frieza, sua força sobre-humana…
Eu pulei quando a porta do passageiro abriu.
Ha. Te peguei de surpresa. Isso é novidade. O pensamento de Emmett enquanto ele escorregava para o banco. “Eu vou apostar que a Sra. Goff pensa que você está usando drogas, você tem estado muito distraído ultimamente. Onde você estava hoje?”
“Eu estava… fazendo boas ações.”
Huh?
Eu ri. “Cuidando dos doentes, esse tipo de coisa.”
Isso o confundiu mais ainda, mas então ele inalou e sentiu a essência no carro.
“Oh. A garota de novo?”
Eu sorri.
Isso está ficando estranho.
“Não me diga.” eu murmurei.
Ele inalou novamente. “Hmmm, ela tem um cheiro bem agradável, não tem?”
Um rosnado rompeu por meus lábios antes que as suas palavras se quer fossem registradas, uma resposta automática.
“Calma, garoto, eu só estou dizendo.”
Os outros chegaram então. Rosalie notou a essência imediatamente e olhou para mim, ainda não superando a sua irritação. Eu imaginava qual era o problema dela, mas tudo que eu podia ouvir eram insultos.
Eu não gostei da reação de Jasper, também. Como Emmet, ele percebeu o encanto de Bella.
Não que aquele odor tivesse para eles, um milésimo da força que ele tinha para mim. Eu ainda me aborrecia que o sangue dela fosse doce para eles. Jasper tinha um baixo controle…
Alice pulou para ao meu lado do carro e estendeu a sua mão esperando as chaves da caminhonete de Bella.
“Eu somente vi que eu ia”, ela disse - de modo obscuro, como era o seu hábito. “Você vai ter que me explicar os porquês.”
“Isso não significa-”
“Eu sei, eu sei. Eu vou esperar. Isso não vai demorar.”
Eu suspirei e entreguei as chaves a ela.
Eu a segui até a casa de Bella. A chuva estava caindo como um milhão de pequenos martelos, tão alto que talvez os ouvidos de Bella não conseguissem ouvir o trovão do motor da sua caminhonete. Eu olhei para a janela, mas ela não veio olhar. Talvez ela não estivesse lá. Não havia nenhum pensamento para ser ouvido.
Me deixava triste não poder ouvir nada para poder checá-la - para ter certeza de que ela estava feliz, ou segura, pelo menos.
Alice entrou atrás no carro e nós voltamos para casa. As estradas estavam vazias, e então só levou alguns minutos. Nós entramos em casa, então nós fomos parar nossos vários passatempos.
Emmett e Jasper estavam no meio de um elaborado jogo de xadrez, utilizando oito tabuleiros interligados - espalhado ao longo da parede de vidro da parte de trás - e eles tinham suas próprias e complicadas regras. Eles não me deixavam jogar; somente Alice jogava alguma coisa comigo.
Alice foi ao seu computador que ficava próximo deles e eu pude ouvir o seu monitor sendo ligado. Alice estava trabalhando em um design fashion para o guarda-roupa de Rosalie, mas Rosalie não a acompanhou hoje, ficando atrás dela dando palpites enquanto as mãos de Alice desenhavam sobre as telas sensíveis ao toque (Carlisle e eu tivemos que adaptar um pouco o sistema, para que a tela respondesse àquela temperatura). Ao invés disso, Rosalie se esticou no sofá e começou a passar por todos os canais durante um segundo, nunca pausando. Eu podia a ouvir tentando decidir se ela ia não até a garagem para ajustar a sua BMW novamente.
Esme estava lá em cima, cantarolando enquanto obervava um novo conjunto de plantas de construção.
Alice inclinou a sua cabeça para a parede um minuto e começou a movimentar os lábios com os próximos movimentos de Emmet - Emmet estava sentado no chão de costas para ela - para Jasper, que manteve sua expressão bem calma e eliminou o cavaleiro preferido de Emmett.
E eu, pela primeira vez em tanto tempo que me sentia envergonhado, fui me sentar ao extraordinário piano de cauda localizado próximo da entrada.
Eu corri minhas mãos pelas escadas, testando as notas. A afinação ainda estava perfeita.
Lá em cima, Esme parou o que ela estava fazendo e pendeu sua cabeça para o lado.
Eu comecei a primeira linha da melodia que tinha se sugerido para mim no carro hoje, satisfeito por soar melhor do que eu imaginava.
Edward está tocando novamente, Esme pensou com alegria, um sorriso apareceu em seu rosto. Ela se levantou de sua mesa, e se moveu rapidamente para o início da escadaria.
Eu acrescentei uma linha harmônica, deixando a melodia central fluir.
Esme suspirou com contentamento, sentando no topo das escadas, e inclinando sua cabeça contra o corrimão. Uma nova música. Fazia tanto tempo. Que melodia encantadora.
Eu deixei a melodia seguir em uma nova direção, seguindo a linha de base.
Edward está compondo novamente? Rosalie pensou, e seus dentes trincaram com um ressentimento feroz.
Nesse momento, ela escorregou e eu pude ler tudo o que ela estava escondendo. Eu vi porquê ela estava tão enraivecida comigo. Por que matar Isabella Swan não a incomodaria de qualquer forma.
Com Rosalie, tudo era sobre vaidade.
A música parou abruptamente, e eu ri antes que eu pudesse me segurar, um grunhido agudo de divertimento que foi interrompido rapidamente quando tapei a boca com a mão
Rosalie me fulminou, seus olhos brilhando com uma fúria aflita.
Emmett e Jasper se voltaram para mim, também, e eu ouvi a confusão de Esme. Esme desceu em um lampejo, parando e lançando olhares para Rosalie e eu.
“Não pare, Edward,” Esme me encorajou após um momento tenso.
Eu comecei a tocar novamente, virando as minhas costas para Rosalie enquanto eu tentava de forma árdua controlar o sorriso que se abria em meu rosto. Ela se colocou em pé e andou a passos largos para fora da sala, mais raivosa do que embaraçada. Mas certamente um pouco embaraçada.
Se você disser qualquer coisa eu vou te caçar como um cachorro.
Eu sufoquei outra risada.
“O que há de errado, Rose?” Emmett chamou atrás dela. Rosalie não se voltou. Ela continuou, se dirigindo duramente para a garagem e se contorceu debaixo de seu carro como se ela pudesse se enterrar ali.
“O que aconteceu?” Emmett me perguntou.
“Eu não tenho a mínima idéia,” eu menti.
Emmett rosnou, frustrado.
“Continue tocando,” Esme ansiou. Minhas mãos haviam pausado novamente.
Eu fiz o que ela pediu, então ela veio ficar em pé atrás de mim, colocando suas mãos sobre meus ombros.
A música estava ganhando forma, mas incompleta. Eu brinquei um pouco com as teclas, mas isso não parecia certo de alguma forma.
“É encantador. Tem um nome?” Esme perguntou.
“Ainda não”
“Tem uma história?” ela perguntou, um sorriso em sua voz. Isso dava a ela um prazer tão grande, e eu me senti tão culpado por ter negligenciado minha música por tanto tempo. Isso foi tão egoísta.
“É… uma canção de ninar, eu acho.” Eu peguei a nota então. Isso se guiava mais fácil para o próximo movimento, dando uma história para isso.
“Uma canção de ninar,” ela repetiu para ela mesma.
Havia uma história para essa melodia, e uma vez que eu a vi, as partes se encaixavam sem esforço algum. A história era sobre uma garota adormecida em uma cama estreita, cabelo negro e grosso embaraçado como algas marinhas no travesseiro…
Alice deixou Jasper com suas próprias artimanhas e veio se sentar perto de mim no banco. Em sua própria vibração, uma voz harmoniosa como o vento, ela traçou uma segunda voz sem letra dois oitavos abaixo da melodia.
“Eu gostei,” eu murmurei “Mas que tal isso?”
Eu adicionei a sua linha à harmonia - minhas mãos estavam voando através das teclas agora para juntar todas as partes - modificando um pouco, tomando uma nova direção…
Ela entendeu o sentido, e cantou ao longo da música.
“Sim. Perfeito,” eu disse.
Esme apertou meu ombro.
Mas eu podia ver o final agora, com a voz de Alice se erguendo sob o tom e levando para uma direção diferente. Eu podia ver como a música devia terminar, porque a garota adormecida estava perfeita do jeito que ela estava; qualquer mudança seria errada, uma tristeza. A música flutuou em direção a essa realização, mais devagar e mais baixa agora. A voz de Alice diminuiu também e se tornou solene, um tom que pertencia aos arcos de uma antiga catedral ilumidada por velas.
Esme bagunçou o meu cabelo. Vai ficar bem, Edward. Isso vai se resolver para o melhor… você merece a felicidade, meu filho. O destino te deve isso.
“Obrigado,” eu suspirei, desejando que eu pudesse acreditar nisso.
O amor nem sempre vem em pacotes convenientes.
Eu ri uma vez sem humor.
Você, melhor do que qualquer um nesse planeta, é o mais bem equipado pra lidar com um dilema desse tipo. Você é o melhor, o mais brilhante de todos nós.
Eu concordei. Toda mãe diz o mesmo pra seu filho.
Esme ainda estava toda feliz que meu coração foi tocado depois de todo esse tempo, sem importar o potencial para a tragédia. Ela pensou que eu ficaria sozinho pra sempre.
Ela vai ter que retribuir seu amor, ela pensou de repente, me pegando de surpresa com a direção de seus pensamentos. Se ela é uma garota esperta. Ela sorriu. Mas não consigo imaginar ninguém tão devagar para não ver o quão envolvido você está.
“Pare com isso, Mamãe, você está me deixando sem graça,” eu brinquei. Suas palavras, mesmo improváveis, me animaram.
Alice riu e fez um acústico de ‘Coração e Alma’. Eu concordei e completei a melodia com ela. E aí, galanteei ela com uma performance de “Chopsticks”.
Ela riu, e então concordou. “Então eu gostaria que você me contasse porque você estava rindo da Rose,” Alice disse. “Mas posso ver que você não vai.”
“Não.”
Ela deu um peteleco na minha orelha.
“Seja boazinha, Alice,” Esme repreendeu. “Edward está sendo um cavaleiro.”
“Mas eu quero saber.”
Eu ri do tom implorativo que ela usou. Então eu disse, “Aqui, Esme,” e comecei a tocar sua musica favorita, um tributo sem nome ao amor que eu assisti entre ela e Carlisle por tanto tempo.
“Obrigado, querido.” Ela apertou meu ombro de novo.
Eu não tinha que me concentrar para tocar a peça familiar. Ao invés disso, eu pensei em Rosalie, ainda rangendo os dentes de mortificação, figurativamente, na garagem, e ri pra mim mesmo.
Tendo descoberto só recentemente o potencial de ciúmes por mim mesmo, eu senti um pouco de pena. Era algo infeliz de se sentir. Claro, o ciúme dela era milhares de vezes mais fútil que o meu. Assim como uma raposa no cenário da manjedoura.
Me perguntei como a vida e personalidade de Rosalie teria sido diferente se ela não tivesse sido sempre a mais bonita. Ela teria sido mais feliz, se beleza não fosse sempre seu ponto forte? Menos egocêntrica? Mais compassiva? Bom, eu supus que era inútil me perguntar, porque o passado se foi, e ela sempre foi a mais bonita. Mesmo quando humana, ela sempre viveu sob a luz do holofote de sua própria doçura. Não que ela ligasse. O oposto - ela amava admiração mais que tudo no mundo. Isso não mudou com a perda de sua mortalidade.
Não era surpreendente então, dada essa necessidade, que ela tenha ficado ofendida quando eu não, desde o principio, idolatrei sua beleza do jeito que ela esperava que todos os machos idolatrassem. Não que ela me quisesse, de qualquer modo - longe disso. Mas a irritou que eu não a queria, apesar disso. Ela estava acostumada com que a quisessem.
Era diferente com Jasper e Carlisle - os dois já estavam apaixonados. Eu era completamente livre, e ainda assim continuei firme.
Eu pensei que o antigo ressentimento tivesse sido enterrado. Que ela tivesse superado isso.
E ela tinha… até o dia que eu finalmente encontrei alguém cuja beleza me tocou de um jeito que a dela não fez.
Rosalie tinha se apoiado na crença que se eu não achei a beleza dela digna de idolatria, então certamente não existia beleza na terra que me alcançaria. Ela estava furiosa desde o momento que salvei a vida da Bella, adivinhando, com sua intuição feminina, o fato de que eu estava tudo, menos fora de controle.
Rosalie estava mortalmente ofendida por eu ter achado uma insignificante garota humana mais bonita que ela.
Eu segurei a vontade de rir de novo.
Isso me incomodou um pouco, o jeito que ela via Bella. Rosalie, na verdade, achou que a garota fosse sem graça. Como ela podia acreditar nisso? Parecia incompreensível pra mim. Um produto da inveja, sem dúvida.
“Oh!” Alice falou abruptamente. “Jasper, adivinhe?”
Eu vi o que ela tinha visto e minhas mãos congelaram.
“O que, Alice?” Jasper perguntou.
“Peter e Charlotte vão nos visitar semana que vem! Eles estarão na vizinhança, isso não é legal?”
“O que há de errado, Edward?” Esme perguntou, sentindo a tensão dos meus ombros.
“Peter e Charlotte estão vindo pra Forks?” eu sibilei para Alice.
Ela revirou os olhos pra mim. “Se acalme, Edward, não é a primeira visita deles.”
Meus dentes trincaram. Era a primeira visita desde que Bella chegou, e seu sangue doce não era apelativo só pra mim.
Alice fungou quando viu minha expressão. “Eles nunca caçam aqui. Você sabe disso.”
Mas o quase irmão de Jasper e a pequena mulher que ele amava não eram como nós; eles ainda caçavam do jeito antigo. Eles não mereciam confiança em volta da Bella.
“Quando?”, eu perguntei.
Ela pressionou os lábios infeliz, mas me contou o que eu precisava saber. Segunda de manhã. Ninguém vai ferir a Bella.
“Não,” eu concordei, e então me afastei dela. “Pronto, Emmett?”
“Pensei que íamos partir de manhã?”
“Vamos voltar por volta da meia-noite de segunda. A escolha é sua sobre a hora da partida.”
“Tá, tudo bem. Deixe eu me despedir de Rose primeiro.”
“Claro.” Pelo humor de Rosalie, seria uma despedida curta.
Você realmente enlouqueceu, Edward, ele pensou enquanto se encaminhava para a porta dos fundos.
“Suponho que sim.”
“Toque a música nova pra mim, mas uma vez,” Esme pediu.
“Se você quiser,” concordei, mesmo que estivesse hesitando um pouco em seguir a música até seu fim inevitável - o fim que continuava me pinicando em jeitos desconfortáveis. Pensei por um momento, e então puxei a tampa do meu bolso e coloquei no suporte de partitura vazio. Isso ajudou um pouco - minha pequena memória do sim dela.
Eu grunhi pra mim mesmo e comecei a tocar.
Esme e Alice se entreolharam, mas nenhuma das duas perguntou.
“Ninguém nunca te disse pra não brincar com a comida?” eu chamei Emmett.
“Oh, ei, Edward!” Ele gritou de volta, sorrindo e acenando para mim. O urso ficou com vantagem, aproveitando-se de sua distração, avançando com as suas garras pesadas sobre o peito de Emmett.
A garra era tão afiada que rasgou sua camisa em tiras, fazendo um barulho estranho quando tocaram a sua pele.
O urso urrou por culpa da intensidade do barulho.
Ah, inferno. Rose que me deu essa camisa!
Emmett rugiu de volta para o animal enraivecido.
Eu suspirei e sentei em uma rocha conveniente. Isso provavelmente levaria algum tempo.
Mas Emmet já estava quase acabando. Ele deixou o urso tentar arrancar a sua cabeça com outro golpe de garras, rindo quando este não deu certo e empurrando o urso cambaleante para o mesmo lugar de antes. O urso rosnou e Emmett rosnou de volta em meio a uma risada. Então, ele se lançou para cima do animal, que estava uma cabeça mais alto do que ele apoiado nas pernas traseiras, seus corpos caindo no chão, um sobre o outro, levando um pinheiro adulto com eles. Os rosnados do urso calaram-se com um engasgo.
Alguns minutos depois Emmett dirigiu-se para o lugar onde eu estava sentado o esperando. Sua camisa estava destruída - rasgada e ensangüentada - pegajosa por culpa da seiva, e coberta de pelos. Seu cabelo curto e escuro não estava melhor. Ele tinha um sorriso largo no rosto.
“Esse era um dos fortes. Eu quase consegui sentir quando ele me arranhou”.
“Você é igual criança, Emmett”.
Ele olhou a minha camisa branca lisa e limpa. “Então, você não conseguiu derrubar o leão da montanha?”.
“Claro que consegui. Eu apenas não caço como um selvagem”.
Emmett soltou uma gargalhada estrondosa. “Eu desejava que ele fosse forte, aí teria mais diversão”.
“Ninguém diz que você tem que lutar pela sua comida”.
“É, mas com quem mais eu iria lutar, hein? Você e a Alice trapaceiam, Rosalie nunca quer desarrumar o cabelo e Esme fica brava se eu e Jasper lutamos pra valer”.
“A vida é difícil, não é?”
Emmett sorriu para mim, movendo-se em uma posição para desafiar e atacar.
“Vamos, Edward. Apenas desligue isso por um minuto e vamos lutar justamente”.
“Não dá pra desligar”. Eu o lembrei.
“Fico pensando, o que aquela garota humana faz para te deixar de fora?” Emmett meditou. “Talvez ela possa me dar umas dicas”.
O meu bom humor vacilou. “Fique longe dela!” Eu rosnei entre meus dentes.
“Sensível. Sensível”.
Eu suspirei. Emmett veio e sentou-se ao meu lado na rocha.
“Desculpe. Eu sei que você está passando por uma coisa difícil. E eu estou tentando não ser muito um insensível idiota, mas, sempre foi o meu status natural..”.
Ele esperou eu rir da sua piada, e então sua expressão mudou.
Tão sério o tempo todo. O que está te atormentando agora?
“Estou pensando nela. Bom, estou preocupado, na realidade”.
“Com o que você tem de se preocupar? Você está aqui”. Ele riu sonoramente.
Eu ignorei a brincadeira novamente, mas respondi a pergunta. “Você nunca pensou em quanto eles são frágeis? Quantas coisas ruins podem acontecer a um mortal?”.
“Não realmente. Mas eu acho que sei o que você quer dizer. Eu não era muito páreo para um urso da última vez, não é?”
“Ursos,” eu murmurei, adicionando um novo medo para a minha lista. “Aquilo deve ter sido apenas sorte dela, não acha? Um urso perdido na cidade. É claro que ele iria direto para Bella.”
Emmet riu. “Você parece um maluco, sabe disso?”
“Apenas imagine por um minuto que Rosalie fosse humana, Emmett. E que ela pudesse dar de cara com um urso… ou ser atingida por um carro… ou por um raio… ou cair das escadas.. ou ficar doente - pegar uma doença grave!” As palavras saiam de mim como uma tormenta. Era um alívio colocar tudo pra fora. Eu estava ficando sufocado. “Incêndios e terremotos e tornados! Ugh! Quando foi a última vez que você assistiu ao noticiário? Você já viu o tipo de coisas que acontecem com eles? Arrombamentos e homicídios…” Meus dentes se cerraram juntos, e eu estava tão furioso com a idéia de outro humano a machucar que eu mal podia respirar.
“Whoa, whoa! Espere aí, garoto. Ela vive em Forks, lembra? Então ela vai pegar uma chuva” Ele disse encolhendo os ombros.
“Eu realmente acho que ela tem um sério problema de má sorte, Emmet. Veja as evidências. De todos os lugares no mundo que ela poderia ir, ela acaba numa cidade onde os vampiros são parte significativa da população.”
“Sim, mas nós somos vegetarianos. Então isso não seria boa sorte ao invés de má?”
“Com o cheiro que ela exala? Definitivamente má. E ainda pior, pelo cheiro que ela exala para mim,” Eu olhei para as minhas mãos, odiando-as novamente.
“Exceto pelo fato de que você tem mais auto-controle do que qualquer um além de Carslile. Boa sorte de novo.”
“A van?”
“Aquilo foi apenas um acidente.”
“Você deveria ter visto a van indo de encontro a ela, Emmmet, por repetidas vezes. Eu juro, é como se ela tivesse algum tipo de atração magnética.”
“Mas você estava lá. Isso foi boa sorte.”
“Foi? Não seria essa a pior sorte que um humano pode ter - um vampiro se apaixonar por ela?”
Emmet considerou em silêncio por alguns momentos. Ele imaginou a garota em sua mente, e achou a imagem pouco interessante. Honestamente eu não consigo enxergar o que você vê nela.
“Bem, eu também não vejo nenhum brilho em Rosalie,” eu disse rudemente. “Honestamente, ela parece ser muito trabalho para apenas mais um rostinho bonito.”
Emmet riu. “Eu não acho que você me diria …” ( Emmet quer saber o que Edward escutou de Rosalie na sala antes dela sair bufando)
“Eu não sei qual o problema dela Emmet,” Eu menti, com um súbito e largo sorriso.
Eu vi sua intenção em tempo de me proteger. Ele tentou me empurrar do penhasco, e houve um som alto de rachadura quando uma fissura se abriu na rocha entre nós.
“Trapaceiro,” ele murmurou.
Eu esperei que ele tentasse outra vez, mas seus pensamentos tomaram outra direção.
Ele estava imaginando o rosto de Bella novamente, mas imaginando-o mais pálido, e com os olhos em vermelho brilhante…
“Não,” Eu disse com a voz sufocada.
“Isso resolve suas preocupações em relação a imortalidade, não é?” E também você não iria querer matá-la. Não é este o melhor jeito?”
“Para mim, ou para ela?”
“Para você,” ele respondeu rapidamente. Sua entonação enfatizando a certeza.
Eu gargalhei jocosamente. “Resposta errada.”
“Eu não me importo muito,” ele me lembrou.
“Rosalie se importou.”
Ele suspirou. Nós dois sabiamos que Rosalie faria qualquer coisa, desistiria de qualquer coisa para se tornar humana novamente. Até mesmo de Emmet.
“É, Rose se importou,” ele aquiesceu calmamente.
“Eu não posso… eu não devo… Eu não irei arruinar a vida de Bella. Você não sentiria o mesmo se fosse com Rosalie?”
Emmet ponderou por um momento. “Ela é todo o meu mundo. Eu não vejo mais sentido no resto do mundo sem ela.”
Mas você não vai transformá-la? Ela não vai viver para sempre Edward.
“Eu sei disso,” vociferei.
E, como você mesmo disse, ela é um tanto frágil.
“Confie em mim - disso eu sei, também.”
Emmet não era uma pessoa de muito tato, e discussões delicadas não eram o seu forte. Ele se esforçava agora, tentando não ser ofensivo.
Você pode sequer tocá-la? Digo, se você a ama… você não gostaria de… bem, tocá-la…?
Emmet e Rosalie compartilhavam um intenso amor físico. Ele teve muita dificuldade para entender como alguem poderia amar sem ter aquilo também.
Eu suspirei. “Eu nem posso pensar nisso, Emmet.”
Wow, então quais suas opções?
“Eu não sei,” disse sussurrando. “Eu estou tentando imaginar um jeito de… de deixá-la. Eu simplesmente não consigo perceber uma maneira de ficar longe dela…”
Com um profundo senso de satisfação, eu subitamente realizei que para mim, o certo seria ficar - pelo menos por agora, com Peter e Charlotte a caminho. Ela estava mais segura comigo aqui, temporariamente, do que estaria se eu me afastasse. Por hora, eu poderia ser o seu improvável protetor.
A idéia me deixou ansioso; Eu estava impaciente para voltar e então cumprir este papel por tanto tempo quanto fosse possível.
Emmet notou a mudança em minha expressão. No que você está pensando?
“Agora mesmo, ” eu admiti timidamente, “Eu estou morrendo de vontade de voltar para Forks e ver como ela está. Eu não sei se aguento até domingo a noite.”
“Uh-uh! Você não vai voltar antes para casa. Deixe Rosalie se acalmar um pouco. Por favor! Pelo meu bem.”
“Tentarei ficar,” eu disse sem muita certeza.
Emmet deu um tapinha no celular em meu bolso. “Alice ligaria se houvesse qualquer fundamento para o seu ataque de pânico. Ela é tão esquisita sobre essa garota quanto você.”
Eu sorri com esta colocação. “Ótimo. Mas não ficarei após o domingo.”
“Não há sentido em apressar sua volta - vai fazer sol, e Alice disse que estamos livres da escola até quarta-feira.”
Eu balancei minha cabeça rigidamente.
“Peter e Charlotte sabem como se comportar.”
“Eu realmente não me importo, Emmett. Com a sorte de Bella, ela vai acabar perambulando até a floresta exatamente na hora errada e -” eu recuei. “Peter não é conhecido pelo seu auto-controle. Voltarei no domingo.”
Emmet suspirou. Exatamente como um maluco.
Bella estava dormindo tranqüilamente quando eu escalei até a janela do seu quarto na manhã de segunda-feira. Eu lembrei do óleo dessa vez e a janela agora se movia silenciosamente para fora do meu caminho.
Eu poderia dizer pela forma como o seu cabelo repousava suavemente no travesseiro que ela tivera uma noite menos agitada do que da última vez que eu estivera aqui. Ela tinha as mãos juntas sob suas bochechas como uma criancinha, e sua boca estava ligeiramente aberta. Eu podia ouvir sua respiração ir e vir vagarosamente entre seus lábios.
Era um alívio tremendo estar aqui e poder vê-la novamente. Eu percebi que não estaria calmo até que isso acontecesse. Nada parecia certo quando eu estava longe dela.
Não que tudo estivesse certo quando eu estava com ela, mesmo assim. Eu suspirei, deixando a sede ardente incendiar minha garganta. Eu estive longe disto por muito tempo. O tempo longe da dor e da tentação fez tudo isso mais difícil agora. Era ruim o bastante para que eu temesse me ajoelhar ao lado de sua cama próximo o bastante para ler os títulos de seus livros. Eu queria saber as histórias que ela tinha em sua mente, mas eu temia mais que minha sede, temia que se eu me deixasse aproximar tanto dela, eu iria querer ainda mais…
Seus lábios pareciam muito suaves e quentes. Eu imaginei tocá-los com a ponta dos meus dedos. Bem levemente…
Este era exatamente o tipo de erro que eu deveria evitar cometer.
Meus olhos percorriam sua face seguidas vezes, examinando qualquer mudança. Mortais mudavam todo o tempo - Eu me entristecia com a idéia de poder perder qualquer detalhe.
Eu achei que ela parecia… cansada. Como se ela não tivesse dormido o bastante neste fim de semana.
Teria ela saído?
Eu ri silenciosa e forçadamente com o quanto essa idéia me chateou. E daí se ela tivesse saído? Eu não era o dono dela. Ela não era minha.
Não, ela não era minha - e eu estava triste novamente.
Uma de suas mãos contraiu-se e eu notei que havia ranhuras superficiais e não cicatrizadas na base de sua palma. Ela tinha se ferido? Mesmo óbviamente não sendo um ferimento grave, isto ainda me perturbava. Eu considerei o local e decidi que ela devia ter tropeçado e caído. Parecia uma explicação razoável, considerando-se tudo.
Era confortante pensar que eu não teria que quebrar a cabeça para solucionar estes pequenos mistérios para sempre. Nós eramos amigos agora - ou, pelo menos, tentávamos ser amigos. Eu poderia perguntar a ela sobre o seu fim de semana - sobre a praia, e qualquer atividade noturna que a fizesse parecer tão fatigada. Eu poderia perguntar sobre o que acontecera com suas mãos. E eu poderia rir um bocado quando ela confirmasse minha teoria sobre o assunto.
Eu sorri gentilmente enquanto eu pensava se ela tinha ou não mergulhado no oceano. Eu me preocupava em saber se ela havia se divertido no passeio. Eu imaginava se ela tinha pensado em mim, em algum momento. Se ela havia sentido minha falta, mesmo que fosse uma mínima fração de toda a falta que senti dela.
Eu tentei imaginá-la na praia, ao sol. A imagem era incompleta, porque eu mesmo jamais estivera em uma praia. Eu conhecia a praia apenas por fotos…
Me senti um pouco desconfortável quando pensei no porquê nunca tinha estado na praia localizada só a alguns minutos de casa. Bella tinha passado o dia em La Push - um lugar proibido, por conta do tratado, para nós irmos. Um lugar onde alguns homens antigos ainda se lembravam das histórias sobre os Cullens, se lembravam e acreditavam nelas. Um lugar onde nosso segredo era conhecido…
Sacudi a cabeça. Não tinha nada com o que me preocupar lá. Os Quileutes eram ligados ao acordo também. Mesmo se Bella tivesse passado por um dos anciãos, eles não podiam revelar nada. E por qual motivo o assunto apareceria? Por que Bella escolheria falar de sua curiosidade lá? Não - os Quileutes eram talvez a única coisa com qual eu não devia me preocupar.
Fiquei bravo quando o sol começou a nascer. Me lembrou que eu não conseguiria saciar minha curiosidade por dias. Por que tinha escolhido brilhar agora?
Com um suspiro, pulei pela janela dela antes que alguém pudesse me ver aqui. Tinha a intenção de ficar na floresta perto da sua casa e vê-la sair para a escola, mas quando cheguei às árvores, fiquei surpreso em sentir seu cheiro na trilha.
Eu o segui rapidamente, curiosamente, ficando mais e mais preocupado enquanto levava para mais fundo na escuridão. O que a Bella esteve fazendo aqui?
A trilha parou abruptamente, no meio de nada em particular. Ela tinha saído só alguns passos da trilha, até as samambaias, onde se encostou em um tronco de árvore. Talvez tenha sentando aqui…
Eu sentei no mesmo lugar que ela, e procurei ao redor. Tudo o que ela teria sido capaz de ver eram folhas e verde. Provavelmente tinha chovido - o cheiro dela estava quase sumindo, nunca tendo realmente penetrado na árvore.
Por que Bella teria vindo aqui sentar sozinha - e ela estava sozinha, sem dúvida disso - no meio dessa floresta molhada e lamacenta?
Não fazia sentido, e como todos aqueles outros pontos de curiosidade, eu não podia perguntar em uma conversa casual.
Então Bella, eu estava seguindo seu cheiro pela floresta quando deixei o seu quarto, onde estive observando você dormir… Sim, isso iria quebrar o gelo.
Eu nunca saberia o que ela esteve fazendo e pensando aqui, e isso fez meus dentes se baterem de frustração. Pior, isso era muito parecido com o cenário que eu imaginei para Emmett - Bella andando sozinha na floresta, onde o cheiro dela podia chamar qualquer um que tivesse os sentidos para seguí-lo…
Eu gemi. Ela não tinha só má sorte - ela a chamava.
Bom, para isso ela tinha um protetor. Eu iria cuidar dela, evitar que ela se machucasse, pelo máximo que eu pudesse justificar.
De repente me encontrei desejando que Peter e Charlotte ficassem por mais tempo.


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